Os Jesus and Mary Chain encerram este sábado o palco principal do JN North Festival. Em entrevista ao JN, o guitarrista William Reid falou das expectativas para o concerto de logo, elogiou o público português e fez uma revelação inesperada: depois de "Damage and Joy" (2017), álbum que esperou 19 anos para ver a luz do dia, há novo disco no forno e é garantido que sai no próximo ano.
Em Portugal este é o primeiro festival de verão desde a covid-19. Quais são as expectativas?
William Reid - Só espero diversão. Que toda a gente se divirta.
Como é voltar aos palcos depois da pandemia?
W.R. - É incrível, na verdade. Fizemos os nossos dois primeiros concertos em dezembro passado, desde 2020, e é incrível voltar a ter de volta aquilo que perdeste.
Durante a pandemia, usaram esse tempo para produzir música nova ou relaxar?
W.R. - Relaxei demasiado [aponta para a barriga]. Fumei muita erva, mas escrevi algumas músicas e aproveitei para fazer alguma arte. Também sou um designer digital, por isso também aproveitei para fazer isso durante a pandemia.
O que é que as pessoas podem esperar para o alinhamento desta noite?
W.R. - Ainda não temos músicas novas, mas boas músicas. Vamos tentar agradar às pessoas.
Prometeram um novo álbum. Esperam lançá-lo quando?
W.R. - Neste momento estamos a meio da gravação, por isso esperamos que esteja terminado nos próximos meses e esperamos que seja lançado no próximo ano.
Vão mesmo lançá-lo no próximo ano?
W.R. - Sim, vamos lançá-lo no próximo ano.
É a décima vez que atuam em Portugal, como se sentem em relação ao público português?
W.R. - Tenho a certeza que o público vai ser tão descontraído como me lembro, as pessoas são muito porreiras aqui. Eu vivo nos Estados Unidos e as pessoas aqui na Europa são mesmo diferentes das pessoas de lá. As pessoas nos Estados Unidos são zangadas, sabes? Toda a gente é zangada. E devem ser. Porque ainda agora 21 crianças foram assassinadas noutro dia por causa de armas. Eu adoro o público português e tenho bons amigos que vivem aqui no Porto. O Phil King, que tocava na nossa banda, vive aqui no Porto.
Como vê a música pop e rock dos dias de hoje?
W.R. - Não sei, não acho que o tempo da música da guitarra esteja morto, mas não é muito saudável neste momento. Não sei... Sou muito velho para estar interessado, sabes?
É demasiado diferente?
W.R. - É muito diferente. Tento ouvir a música nova, tento ouvir, mas não é muito fácil, para ser sincero.
Depois de quase 40 anos de carreira, o que é que ainda falta conquistar?
W. R. - Basicamente, fazer música é como a vida. Não páras. Apenas continuas a fazer. Não sei o que é "conquistar" para ti, mas acho que a próxima boa música é o que queres conquistar. Vais passando disso para aquilo. E estou a aproveitar mais por causa disso. Por causa dos três anos que tivemos [covid-19], já não dou as coisas como garantidas. O que percebi com a covid-19 é que as coisas que tens podem ser-te tiradas.