O Sindicato dos Médicos da Zona Sul alertou esta segunda-feira que o ataque informático ao hospital de Almada, em abril, está a colocar em risco os cuidados de saúde aos utentes e a segurança dos clínicos.
Em comunicado, o sindicato refere que uma série de atos são realizados manualmente, potenciando o erro médico e limitando o acesso a informação imprescindível para o atendimento, e que a resolução total da situação apenas está prevista para daqui a quatro meses.
"O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) acompanha com preocupação a situação no Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, após o ataque informático no fim de abril, onde os médicos não têm acesso ao sistema informático, colocando em risco os cuidados de saúde aos utentes e a segurança dos profissionais de saúde", salienta.
A impossibilidade de acesso à internet, segundo o SMZS, impede a realização de diários clínicos, a parametrização de dados clínicos anteriores, da prescrição eletrónica de medicamentos, a obtenção de baixas médicas ou o pedido de exames de diagnóstico.
Atualmente, adianta, os médicos não conseguem aceder ao processo dos utentes, o que potencia o erro médico, e a visualização de exames "apenas é possível manualmente, sem acesso a uma adequada parametrização dos valores de referência e obrigando a deslocações dentro do hospital".
"Já houve situações em que a prescrição manual motivou erros", frisou.
Simultaneamente, explica o sindicato, o registo de primeiras consultas é efetuado manualmente, sem estar prevista ainda a passagem destes dados para o processo clínico digital dos utentes, e os relatórios são enviados através do telemóvel dos médicos, uma vez que nem todos os faxes se encontram operacionais.
Para o Sindicato dos Médicos da Zona Sul, a resolução desta situação deve ser uma prioridade absoluta, mas apenas está prevista a sua resolução parcial no verão e a resolução total no outono - daqui a, pelo menos, quatro meses.
"Num momento em que se têm multiplicado ataques informáticos a várias empresas e organizações, em particular na área da saúde, é urgente que a tutela e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) intervenham no sentido de aumentar a cibersegurança no Serviço Nacional de Saúde (SNS)", defende a estrutura sindical em comunicado adiantando que a situação mostra "a enorme vulnerabilidade dos sistemas informáticos do SNS".