António José GouveiaCombater o "glutão"Christine Lagarde avisou e aí está. Para travar a inflação, o Banco Central Europeu vai subir a taxa diretora em 25 pontos base na reunião de julho, mês no qual termina a compra de ativos. Dito assim, para o comum dos cidadãos, parece mais uma decisão que em nada vai influenciar o nosso dia a dia. Mas não. À partida, parar a subida dos preços é sempre bom para todos. E se os planos do BCE estiverem corretos, voltaremos a ter uma inflação de 2% em março de 2024 contra os atuais 6,8% previstos para o final deste ano. Quer isto dizer que os combustíveis, a eletricidade ou as matérias-primas vão baixar de preço? E por consequência tudo que está associado a estes três vetores? Não. Os preços não voltam atrás, apenas abrandam. Por isso, esperam-se tempos difíceis, principalmente se os salários não acompanharem o "glutão" das notas e moedas.
António José GouveiaSituação de "perde ou perde"Os indicadores claramente positivos de Portugal em termos de crescimento económico, como uma redução do desemprego, um aumento das exportações e um crescimento moderado da riqueza do país depois de dois anos de pandemia, podem estar em causa num futuro ao virar da esquina. Portugal, sempre dependente do espetro internacional, pode ver-se confrontado com a turbulência evidente da inflação alta em muitas das principais economias. A dupla crise da pandemia e da guerra na Ucrânia desencadeou um conjunto de elementos que agora promovem um ciclo de alta dos preços. Os Estados Unidos e a União Europeia, incluindo Portugal, registam taxas de inflação desconhecidas há décadas.
António José GouveiaJovens com bolsos rotosA crise financeira de 2008, a crise da dívida pública entre 2010 e 2014, a pandemia de covid em 2020 e agora a guerra na Ucrânia estão a dar cabo de uma geração que encontra no mercado de trabalho parcos empregos e ainda mais parcos salários.
António José GouveiaDar música a PutinPraticamente na mesma altura em que a Finlândia anunciava formalmente a candidatura de adesão à NATO, um ato político de forte impacto mediático acontecia também em Turim, Itália. A Ucrânia vencia o festival da Eurovisão com a Kalush Orchestra a esmagar com os votos do público europeu. Ou seja, à medida que a invasão russa à Ucrânia se aproxima da marca dos três meses, quase toda a Europa parou no sábado para homenagear o esforço de resistência do povo ucraniano. Depois da Rússia ter sido banida do concurso logo no início da guerra, Putin volta a juntar duas derrotas numa só: mais isolamento para Moscovo dos grandes palcos internacionais e vizinhos cada vez mais desconfiados das verdadeiras intenções do Kremlin. Depois de 75 anos de neutralidade, a Finlândia não quer voltar a viver a "Guerra de Inverno", quando, em 1939, mais de 400 mil soldados, milhares de tanques, aviões e artilharia pesada invadiram o país. Se Putin não queria a adesão da Ucrânia à NATO, os seus movimentos bélicos provocaram agora uma Aliança Atlântica plantada em mais 1300 quilómetros na sua fronteira com a Finlândia. Isto sem esquecer que a Suécia será a próxima.
António José GouveiaResistência nacional Como já se adivinhou, a nossa vida, aquela que nos chega aos bolsos, não vai ser nada fácil. Mas não entremos em pânico.
António José GouveiaVerdade, doa a quem doerA Igreja Católica portuguesa deu passos significativos na última semana quando a comissão independente, criada em janeiro para investigar abusos sexuais, disse já ter recebido 290 testemunhos válidos de vítimas e que 16 casos foram remetidos ao Ministério Público.
António José GouveiaOlhos bem abertosHá uma guerra antes e depois de Bucha. Como aconteceu quando, em 1995, as tropas neerlandesas olharam para o lado enquanto as tropas sérvias cometiam o massacre de Srebrenica.
António José GouveiaNada será como antes, será bem piorQuando Portugal se lançou numas eleições legislativas, que terminaram com a maioria absoluta do PS, António Costa estava longe de imaginar que, para além da pandemia e de uma crise inflacionária, se juntaria a guerra na Ucrânia. Todos sabemos o quanto Portugal é uma pena leve que corre ao sabor dos acontecimentos internacionais.
António José GouveiaArmar até aos dentesNa sequência do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, já admitiu aumentar o orçamento das Forças Armadas nos próximos anos, de forma a poder cumprir o que está estipulado.
António José Gouveia"G'anda seca"Provavelmente já terá reparado que os invernos estão mais curtos, que as ondas de calor são cada vez mais frequentes ou que a chuva não é tão abundante como há alguns anos.
António José GouveiaA cara feia do FacebookO Facebook (agora Meta) ameaçou abandonar a Europa. Aliás, como já tinha feito em setembro de 2020. Porquê?
António José GouveiaMostra-me o dinheiroNuma altura em que vamos iniciar uma nova legislatura, desta vez com maioria absoluta do PS, os alertas para que a história não se repita nunca são demais. Tanto nas maiorias de Cavaco como de Sócrates, os níveis de corrupção foram enormes. É um facto.
António José Gouveia"Sou idoso, não idiota"A geração que ajudou a mudar Portugal de uma ditadura para uma democracia já leva dois anos a sucumbir a uma pandemia que parece não ter fim. Os idosos são os que mais sofrem e os que mais esquecemos, justo agora que estamos em plena revolução tecnológica.
António José GouveiaDa leveza à dureza1. A vida normal não pode esperar. E todos já sabíamos que, provavelmente, este será o futuro. Espanha deverá ser o primeiro país a mudar radicalmente os protocolos para conter a doença a bem das relações humanas e da economia e a começar a olhar para a covid como uma simples gripe. A nossa clarividência em relação ao SARS-Cov2 é cada vez maior. Pelo que tem de ser acompanhada por protocolos cada vez menos rígidos, à medida que mais pessoas tenham tido contacto com o vírus, tendo em atenção que a larga maioria da população já está vacinada. O Governo espanhol prepara-se para mudar tudo. Ou seja, sem contar os casos e sem pedir provas ao menor dos sintomas. Ou seja, observar a covid como mais uma doença respiratória. Este é passo que tem tudo de perigoso e de corajoso, mas Pedro Sánchez está disposto a avançar. Uma estratégia que, segundo o jornal "El País", estava a ser preparada desde o verão de 2020 e deverá ser implementada depois de controlada a sexta vaga. Por cá, com eleições à porta, nem Governo nem oposição querem falar sobre uma estratégia de combate ao vírus. É mais importante o tema da prisão perpétua ou se os cidadãos podem ou não quebrar o isolamento para votar, como se isso já não estivesse mais do que esclarecido.
António José GouveiaFalar com(o) máquinasJá não é um Mundo desconhecido. Vamos para o segundo Natal com os receios que, provavelmente, não tivemos no primeiro e se transformou num descalabro de casos e mortes em janeiro e fevereiro.
António José GouveiaSomos apenas estúpidosAntónio Guterres tinha razão quando acusou os países ricos de guardarem as vacinas e de não as partilharem com as nações mais pobres. Para além da elementar solidariedade, está aqui em causa a saúde de todos, pobres ou ricos.
António José GouveiaNuclear é energia "verde"?Na semana passada, houve uma decisão polémica que passou ao lado de muitos. Foi em França, quando Emmanuel Macron anunciou o reforço da energia nuclear nas próximas décadas, à revelia dos seus parceiros europeus, como a Alemanha ou a Espanha, que têm como objetivo fechar as centrais que restam.
António José GouveiaQuem cala consenteA Igreja Católica francesa, apesar de preservar o segredo da confissão, agiu energicamente ao lidar com os abusos sexuais de menores no seu seio. Por sua iniciativa, a Conferência Episcopal francesa encomendou uma investigação a uma comissão independente, que trabalhou sem restrições. Os dados do relatório são avassaladores: pelo menos 216 mil menores foram vítimas de abusos ou violência sexual, entre 1950 e 2020, por mais de 3300 padres e religiosos.
António José GouveiaPenso rápidoAs mais recentes medidas do Governo para que os preços da eletricidade praticados no mercado grossista não cheguem aos consumidores e às empresas não são mais do que um penso rápido.
António José GouveiaConsumidores atadosOs políticos, há uns anos, quiseram liberalizar o mercado da eletricidade. Haveria todas as vantagens: o consumidor poderia escolher o seu operador, a eletricidade seria vendida na bolsa ibérica e a produção teria vários fontes que obrigaria a maior concorrência.
António José GouveiaUm país de ficçãoA tomada de Cabul por parte dos talibãs em pouco menos de 15 dias veio pôr a nu toda a fragilidade de um país. 20 anos de intervenção internacional desapareceram em tempo recorde, mostrando que o Estado afegão era uma ficção. O país, que afinal estava nas mãos de senhores da guerra regionais, recebeu os talibãs de braços abertos.
António José Gouveia"Viúva negra"Todos concordamos que a forma como consumimos cinema mudou radicalmente. O aparecimento de serviços de streaming como a Netflix, HBO ou Disney+ colocou a Sétima Arte numa outra trajetória.
António José GouveiaFortaleza europeiaDepois de um início titubeante - em grande parte devido a problemas de fornecimento e dúvidas acerca dos efeitos colaterais -, o processo de vacinação atingiu um ritmo admirável, muito à custa da logística impressa pelo vice-almirante Gouveia e Melo e de todos os profissionais envolvidos.
António José GouveiaUma carta aos veraneantesVamos dedicar o mês de agosto a descansar, a dormir o máximo, a beber uns copos numa esplanada com a família ou amigos, a ler os quilos de livros que se foram acumulando ao longo do ano, a esquecer-nos dos novos casos de covid, da curva de incidência, das hospitalizações, e passar todo o tempo que possamos sem máscara.
António José GouveiaObrigatório vacinar?O debate sobre a obrigatoriedade das vacinas contra a covid nunca foi uma questão em Portugal. Em princípio, quase todos estão a fazer a vacinação voluntariamente e com grande adesão. As evidentes vantagens da imunização e um sistema de saúde proativo estão a fazer com que as taxas de vacinação sejam muito elevadas.