CapicuaA beleza Finalmente consegui ver a peça "Catarina e a beleza de matar fascistas", de Tiago Rodrigues. Entrei no Teatro Nacional São João com muita curiosidade (após uma longa espera pela oportunidade) e saí como de um atropelamento. Foi uma experiência emocionalmente muito intensa, como só as grandes obras de arte conseguem proporcionar, mas foi igualmente intensa no plano ideológico, no confronto de ideias e argumentos, como se tivesse saído de um debate de duas horas e meia, exausta e com a cabeça em confrontação.
CapicuaQuinta do PinheiroEm março deste ano saíram algumas notícias (a partir de um press release da Associação Mutualista Montepio) anunciando que, depois de cerca de vinte e cinco anos de espera, a CMP tinha finalmente aprovado o projeto de construção de seis edifícios habitacionais com quase duzentos lugares de estacionamento, na antiga Quinta do Pinheiro no coração do Porto.
CapicuaUrgência obstétricaMuito se tem escrito sobre a falta de médicos para garantir urgências de obstetrícia. Proliferam notícias em todos os meios e na última semana o país despertou para o problema. É certo que é assunto sério e que merece toda a nossa atenção e pressão política, mas importa também salvaguardar que no privado a coisa não é melhor. Não só para não servir os interesses dos grandes grupos de saúde privada, que nestas ondas de indignação têm marketing garantido, como também para relembrar que, apesar das dificuldades, o SNS é bem capaz de ainda ser a melhor opção para quem quer parir em segurança.
CapicuaPaula RegoPaula Rego é eterna. Não podemos pensar a cultura portuguesa sem ela. Sem o seu olhar distanciado (de quem migrou há muito para outro país), mas sobretudo sem a intimidade de quem conhece os cantos mais sujos da casa. Fez questão de dizer que estava algures no meio do caminho. E, pensado bem, o meio do caminho era o seu lugar de fala, com os pés fincados entre a rudeza da realidade e as possibilidades da fantasia, entre a história e as estórias, entre as dores do corpo e a liberdade do espírito.
CapicuaO fresco de Pomar Setenta e cinco anos depois da PIDE mandar cobrir os frescos de Júlio Pomar no cinema Batalha, eles são recuperados, graças à ciência e seus infinitos recursos químicos. Um mural sobre o São João, que no mês de junho reaparece para repor à cidade o que sempre lhe pertenceu. Um mural que foi silenciado não por ter um conteúdo antifascista, mas por ter sido feito por um antifascista. Um exemplo do silenciamento violento e absurdo com que o Estado Novo impunha as suas arbitrariedades. Que em breve poderemos visitar no renovado cinema.
CapicuaMorte maternaDesde o ano em que nasci (1982) que não se registavam tantas mortes maternas (antes, durante e após o parto) como em 2020, segundo os dados oficiais divulgados há uns dias.
CapicuaBebé não entra Enquanto mãe e artista, sou subscritora da carta aberta entregue ontem ao IGAC e que apela à alteração do decreto-lei 23/2014. O objetivo é tornar mais inclusivo o acesso a eventos culturais, com crianças menores de três anos.
CapicuaSexta vaga Fala-se de sexta vaga. Proliferam casos. Cada vez mais amigos e pessoas conhecidas em casa com covid. Muitas delas pela segunda vez. E voltamos a ter de nos reprogramar para a prevenção e para o reforço dos cuidados.
CapicuaVelhas dependências A pandemia já havia relegado para segundo plano as políticas de combate às alterações climáticas pelo Mundo inteiro. A urgência da crise de saúde pública sobrepôs-se a tudo e a crise económica consequente parece ter acentuado a lógica imediatista da governação, em detrimento de políticas mais focadas no médio/longo prazo. Não deixa até de ser paradoxal, visto que há muito quem considere a pandemia como sendo uma consequência do desequilíbrio dos ecossistemas, mas o controlo do vírus e a recessão fizeram adiar mais uma vez as teóricas intenções de mudar de rumo.
CapicuaDia da mãe trabalhadoraUm cravo vermelho com uma etiqueta no caule. 1.º de Maio de 1974. Estava guardado nas coisas da minha avó. Entre cartas e documentos. Um cravo com 48 anos, conservado como uma preciosidade. Assim como um "Jornal de Notícias" de 2 de Maio do mesmo ano com a fotografia da Avenida dos Aliados completamente cheia na capa e letras garrafais declarando: 1.º de Maio: o povo mereceu a liberdade!