Domingos de AndradeOs horizontes de MontenegroNa noite das eleições legislativas, o lugar de presidente do PSD era o menos apetecível da política portuguesa. Hoje, é provavelmente dos mais desejados. Tem tudo a ver com o contexto.
Domingos de AndradeA saúde do Estado que temosO Governo tomou posse em março. O Orçamento do Estado para 2022 foi apresentado e discutido entre abril e maio deste ano. A guerra na Ucrânia já durava, os avisos sobre a escalada de inflação que alarmaram as economias da União Europeia também já davam sinais desde o ano passado, bem como o anúncio de que o Banco Central Europeu deixaria de cobrir o financiamento da dívida soberana portuguesa, que é a terceira mais elevada da UE.
Domingos de AndradeConversar com PutinHá no espaço do debate público uma nova corrente sobre a forma como o Ocidente deve abordar a invasão russa da Ucrânia. E que, com frequência, insiste na seguinte tese: tem de se conversar com Putin.
Domingos de AndradeA balada da TAPQuantas vezes já não ouvimos ou lemos isto: a TAP quer devolver "o mais rapidamente possível" o dinheiro que recebeu do Estado, cerca de dois mil milhões de um plano de reestruturação totalizando 3200 milhões. Quantas vezes ouvimos e lemos isso? E isto?: claro que há "muitos desafios", inclusive o aumento do preço do combustível.
Domingos de AndradeO barulho das luzes no PSDNo sábado, o favorito Luís Montenegro deverá derrotar a candidatura de posicionamento de Moreira da Silva, sendo eleito presidente do PSD. Aspiração que alimenta desde que Pedro Passos Coelho era primeiro-ministro.
Domingos de AndradeA proposta europeia de MacronApós a conquista da Presidência francesa em 2017, Emmanuel Macron transformou-se no ícone político da opinião pública europeia. A forma como um moderado derrotou consecutivamente o populismo francês tranquilizou o Velho Continente e prendeu as atenções na sua liderança. A vitória nas presidenciais deste ano, arrancada a ferros perante uma França dividida entre nacionalistas e europeístas, acentuou a necessidade de a Europa ter vozes fortes.
Domingos de AndradeSó dá VenturaEle é o princípio e será o fim. Por causa dele houve o nascimento e a afirmação. Por causa dele haverá o declínio. Porque só há ele. Foi o candidato nas eleições europeias. O candidato às presidenciais. O rosto que acompanhava os protagonistas das candidaturas autárquicas em tudo quanto era cartaz. E é o único rosto e a única voz do partido no Parlamento.
Domingos de AndradeO colapso do PCP"How did you bankrupt? Gradually, then suddenly". Com este brevíssimo diálogo, Hemingway resume a falência de um capitalista, entre a vertigem e a previsibilidade dos sintomas que não se quiseram ver. Ironicamente, com o PCP também está a ser assim.
Domingos de AndradeMáquina zeroNão foi um acaso, nem inocente, nem apenas um cravo na lapela, o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa no 25 de Abril centrado na necessidade de valorizar as Forças Armadas. O alerta do presidente da República exprime o despertar europeu na madrugada de 24 de fevereiro, com a invasão da Ucrânia e a erosão da segurança de diversas gerações europeias que só conheciam a paz e a democracia.
Domingos de AndradeSangue de AbrilQuando Volodymyr Zelensky se dirigir esta quinta-feira aos portugueses, sem a incompreensível presença do PCP no Parlamento, fá-lo-á para falar do 25 de Abril que se vive na Ucrânia.
Domingos de AndradeO próximo destino do PSDO meio Orçamento do Estado reflete pouco sobre o que podem ser as ambições do Governo para a legislatura, sendo certo que é a partir do documento que se aferem os caminhos. Este já foi construído e apresentado como trunfo de segurança e estabilidade por António Costa, tendo como linhas de força as contas certas e fazendo figas para que o cenário macroeconómico não piore. Mas serve sobretudo de cobertura jurídica para as medidas já tomadas de apoio às famílias e às empresas.
Domingos de AndradeO beijo do Papa. E a ONU?Nas manchas enegrecidas daquela bandeira que o Papa Francisco beija, vinda da "cidade martirizada de Bucha", adivinham-se os gritos incontidos de uma mulher violada. Talvez 30, talvez mais, militares, que lhe entraram pela casa adentro e que dispuseram do corpo dela. E adivinha-se uma crueldade sem fim, nas palavras do Sumo Pontífice, cometida contra mulheres e crianças, contra civis. Corpos amarrados. Pais sem filhos. Filhos sem avós. Filhos órfãos. Famílias desfeitas.
Domingos de AndradeOs nós de MarceloA nova magistratura de influência do presidente da República está na forma como, no discurso da tomada de posse do Governo, amarrou o primeiro-ministro aos compromissos que ele próprio foi tecendo. Cortando pela raiz a tentação de deixar o mandato a meio do caminho.
Domingos de AndradeA metamorfose do novo GovernoO que António Costa como político representa hoje para a sociedade portuguesa pode não corresponder aos desafios do país para o futuro, perante a mudança de contexto a que assistimos. Que exige respostas substancialmente diferentes das dadas em 2015 e 2019, até porque a realidade mudou abruptamente nas últimas semanas.
Domingos de AndradeA estrada da vidaFoi sobre o lago congelado de Ladoga que durante três invernos se fez o abastecimento da resistência soviética ao cerco nazi de Leninegrado, hoje São Petersburgo. Durou 30 meses e a rota do lago ficou conhecida como a "estrada da vida". A única.
Domingos de AndradeO Kremlin de joelhosQuando o primeiro restaurante da McDonald"s abriu em Moscovo, em 1990, algumas fronteiras da União Soviética ainda estavam intactas.
Domingos de AndradeAs palavras da resistênciaQuando Putin ordenou uma "operação militar especial" sobre a Ucrânia, a força que dispôs no terreno era de tal forma esmagadora que o próprio Pentágono admitiu a queda de Kiev entre o primeiro e o quarto dias da invasão. E a escala dos meios, somada à luz do cerco, não deixa margem para dúvidas: o presidente russo queria a ocupação total da Ucrânia e negociar os termos da capitulação em cima de uma retumbante vitória.
Domingos de AndradeCerco à liberdadeSe há fragilidade que a crise na Ucrânia expõe aos nossos olhos é a falta de uma voz de liderança europeia que pelo menos transmita a ilusão de uma saída. Porque, por estes dias, a narrativa ocidental, agora assente na ideia das sanções massivas, caiu, enquanto se revela a mudez impotente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa e a necessidade de os europeus não estarem dependentes das conferências de Imprensa do outro lado do Atlântico.
Domingos de AndradeBrincar aos votosReclamamos sempre muito contra a abstenção e o afastamento dos cidadãos em relação à política. E os tempos exigem envolvimento e maturidade democrática, sendo a participação cívica parte da receita para combater os populismos que se alimentam de discursos redondos, apregoando os vícios dos eleitos e os defeitos do sistema democrático.
Domingos de AndradeO teste do algodãoHá um momento fundamental para perceber os caminhos que António Costa pretende percorrer. E outro a partir do qual se fará a verdadeira avaliação do percurso.
Domingos de AndradeO poder de MarceloNo dia 16 de janeiro, Rui Rio publica com destaque na sua própria conta de Twitter a sondagem da Aximage para o JN, o DN e a TSF que dá o resultado de 38% para o PS e 28% para o PSD. E comenta: "Ai Jesus. Que banhada!". Nisto, Rui Rio acertou. Foi mesmo uma banhada. No estudo de opinião publicado quinze dias depois, nos mesmos meios, registava-se um empate técnico. Aí não houve twit. Mas vamos ao que interessa, que foi no que não acertou.
Domingos de AndradeA importância dos sete por centoOs partidos e as suas lideranças tendem a publicamente desvalorizar todas as sondagens quando elas lhes são favoráveis e a atacá-las quando são desfavoráveis.
Domingos de AndradeAs ideias ou a falta delasOs debates políticos numa campanha para uma eleição legislativa são, devem ser, mais do que um momento de ataque e contra-ataque entre candidatos. Representam uma oportunidade de confronto democrático entre propostas e visões de desenvolvimento para a sociedade portuguesa.
Domingos de AndradePerguntas que precisam de respostaDa conjuntura nacional de incerteza económica e sanitária dos dias em que vivemos, e de instabilidade política pelo aparente esgotamento da solução de 2015 com o chumbo do Orçamento do Estado, resulta uma dupla preocupação na generalidade da população portuguesa.
Domingos de AndradeMudar a agulhaGostamos de transformar o Mundo em preto e branco. De todos os anos olhar os heróis e os vilões, como exercício de memória, mas sobretudo como catarse coletiva. Importa olhar os dias que passaram e tirar lições, ou ilações.