João GonçalvesUma morte portuguesa Não é meu hábito escrever sobre estas coisas. Mas é impossível ficar indiferente depois do homicídio, ocorrido a semana passada, de uma criança de três anos, em Setúbal. Tal como não é aceitável a indiferença à habitual ferocidade da matilha do espectáculo televisivo nos dias negros do acontecimento. Aconteceu-me estar, por exemplo, a almoçar tardiamente num restaurante junto à minha casa e no ecrã, felizmente silencioso, passavam imagens do quarto da vítima (um "exclusivo", com certeza), pouco tempo depois do sucedido, com uma nota de rodapé em que se lia que "a maca não pôde sair pela porta". Em simultâneo com esta barbaridade, temos vindo a encontrar mais notícias de outros homicídios, cometidos em ambiente "familiar" ou conjugal, igualmente de uma violência inaudita. Tudo serve para matar, desde o tiro ao martelo, à asfixia, etc. Isto coloca uma pergunta. O que é que está a mudar na sociedade portuguesa, ou foi ela sempre assim em modo silencioso? O etnólogo e antropólogo Jorge Dias, talvez o homem que melhor "nos" estudou, já em 1968 não se enganava. Dizia então o seguinte: "é a educação familiar e as inter-relações sociais que contribuem para que se mantenham os ideais básicos de um povo (...) A difusão de novas concepções de vida ou a perda das antigas, sem substituição por nada de concreto e claro, sobretudo nas gerações mais novas, é um facto (...). A brandura dos costumes e o temperamento cordial do nosso povo vão sendo substituídos por dureza e grosseria". Pelos vistos, também pela superstição e pela perversão, a democrática incluída. O que suscita outra pergunta. Onde estão o Estado e a Justiça, se quisermos, o Direito, no meio desta tremenda ecologia anti-espiritual e materialista no pior sentido do termo? No caso em apreço, o Estado limitou-se a "referenciar" o "risco", como, aliás, costuma fazer nos casos depois irremediáveis de violência doméstica. A Justiça, administrada pelos tribunais auxiliados pela investigação criminal, nem sempre consegue estar à altura da sua função por um desligamento progressivo e preocupante do real. E a opinião pública ajuda a "metastizar" e a frustrar um "sentimento jurídico colectivo" credível. Da que "se publica" e vê, nem vale a pena falar. Vivemos numa sociedade doente, individualista e egoísta, dirigida pela pior elite de que há memória recente, e só damos por isso, com escândalos hipócritas, quando emerge uma tragédia desta dimensão humana, social e cultural. Aquela criança de Setúbal é, afinal, o grito desesperado do poeta feito morte: "quem, se eu gritasse, ouvir-me-ia na hierarquia dos anjos? Ai, a quem podemos dirigir-nos? Aos anjos não, nem aos homens. Nós não somos confiáveis neste mundo definido".
João GonçalvesFunesta Primavera Acaba hoje a Primavera. E esta foi a pior Primavera da minha vida. Desde logo, o tempo. O mês de Maio, o mês das cerejas, se teve dois ou três dias luminosos, sucedeu por acaso. Vinha já de trás. Em Março começou verdadeiramente o Inverno. Depois, e agora entro por uma única e última vez no plano estritamente pessoal, a minha Mãe esteve internada duas vezes, num curto intervalo entre ambos os episódios, num equipamento hospitalar do SNS da área a que pertence a residência geriátrica. Da primeira, acompanhei-a um bom bocado no serviço de urgências até passar para as observações. Era de noite, de madrugada, e as coisas pareciam correr com um módico de normalidade. O hospital informava pelo telefone da "evolução" - coisas respiratórias e, no fim, uma bactéria detectada no nariz - e a alta foi rápida. Da segunda vez, há cerca de um mês, o mesmo percurso com alguns dias de internamento. O que me permitiu visitá-la nos dias adequados, e dar-lhe água, muita água, pois esse era o problema fundamental: a desidratação. Lembrei-me que o coração também se desidrata. Há uns anos, ela tinha feito um exame ao dito e recordo que, quando a fui buscar - ela foi sempre de uma autonomia fantástica -, a médica lhe teria dito que o coração só estava um bocadinho seco. Precisava de água, e tomara muita gente mais nova ter um assim. Só que desta vez diagnosticaram uma pneumonia. E, na minha inútil opinião, teve alta para a residência cedo de mais. Via-a somente "bem" nessa tarde, na residência, na situação de acamada que nunca mais deixou por aproximadamente três semanas. Durante estes três anos, a minha Mãe constituiu o pivot dos meus dias, das minhas horas e das minhas noites. As poucas vezes que não pude lá ir, telefonávamo-nos várias vezes ao dia, até por "whatsup". Ia vê-la e levava o trabalho atrás. Fiz de um restaurante lá perto um segundo "escritório". Vi-a viva pela última vez faz hoje oito dias. Ela exprimia-se mal, mas os olhinhos estavam muito vivos e as mãos, que apertei muitas vezes, mais agitadas que o costume. Morreu-me nessa madrugada. Celibatário como Proust, não hesito a recorrer a ele que, em carta a um amigo, falou numa ternura que apenas os pais podem dar. "Depois disso, quando já os não temos, nunca mais a conhecemos, seja de quem for". O deputado do PS Sérgio Sousa Pinto afirmou, e bem, que a dra. Temido perdeu a confiança do país que ela, aliás, "acompanhava" nas férias de Junho. O verdadeiro ministro da Saúde respondeu, com a insolência habitual, que "era só o que faltava era andar a seguir as opiniões do Sérgio Sousa Pinto". Sucede que as opiniões do deputado são geralmente coincidentes com as do país. A de Costa e da sua ajudante, não. São pura e simplesmente estúpidas, arrogantes e funestas. Como esta Primavera de 2022.
João GonçalvesOs parolos Costa, depois de uma maioria absoluta conferida pela votação popular, tinha tido a obrigação de formar um Governo melhor que esta trupe inconsequente.
João GonçalvesCavaco incomoda suas excelências No seu discurso de tomada de posse como primeiro-ministro da segunda maioria absoluta do PS, António Costa meteu uma "bucha" no que levava escrito. Costa quis afastar-se das maiorias de Cavaco - Sócrates, para ele, já não conta há muito tempo - e tratou de afirmar que a sua era diferente, até porque era de uma geração que tinha "combatido" o poder absoluto dos anos 90. E ele não é homem para confundir maioria absoluta com poder absoluto. Cavaco esperou e, entre um artigo irónico destinado a saudar o Governo de Costa e uma entrevista televisiva, respondeu ao seu rasteiro interlocutor. Em geral, o PS e o Governo contentam-se em evocar Passos Coelho, e a ominosa troika, quando querem empurrar com a pança os problemas que eles agora têm de resolver por força do voto. Costa puxa permanentemente do cuspo para "virar as páginas" da austeridade (Passos), da pandemia e mais recentemente das consequências da guerra na Ucrânia. Em geral, Passos faz as vezes por todos. Mas, ao fim de seis anos, acompanhado ou sozinho, Costa já não tem desculpa para recorrer à sua famosa língua de pau. É da natureza do PS, e dele em especial, garantir apenas uma coisa: a manutenção e a distribuição do poder pela "casa". Cavaco veio chamar a atenção para isto sob dois aspectos. O primeiro, a facilidade que Costa encontrou nestes quatro anos sem oposição, com um PSD praticamente transformado em partido médio e regional, com uma liderança enamorada do PS em vez de lhe fazer oposição total. Cavaco criticou abertamente a liderança de Rio precisamente por ter ignorado que, se existe partido que não quer saber do reformismo para nada, esse partido é o PS. E criticou-o por não ter querido deliberadamente fazer a defesa do Governo de Passos Coelho que teve de resolver a "ressaca", com um plano de assistência económica e financeira exterior, da bancarrota deixada pelo último Governo do PS antes dos de Costa. Por outro lado, Cavaco, sem medo das palavras, colocou a falta de sentido ético no desempenho político geral do PS e dos seus governos. Não lhes chamou amorais, embora tenha exemplificado concretamente com atitudes políticas mais adequadas a partidos com uma visão totalitária e autoritária do exercício do poder do que próprias de partidos democráticos. Com a complacência notarial, por acção ou omissão, do actual presidente, acrescento eu. Cavaco tem os seus governos e a sua presidência a justificarem plenamente a oportunidade das suas palavras num momento em que os reis estão nus. O adversário é o PS e a sua trupe medíocre no Governo, no Parlamento e nos órgãos de comunicação social. Ponto final, parágrafo.
João GonçalvesClareza meridianaFundado há quarenta e oito anos, oPPD/PSD elegeu ontem o seu 19.º presidente. Nunca nada foi fácil, contrariamente ao que se pode pensar, na vida do PSD. Nada lhe caiu de mão beijada no colo.
João GonçalvesUm escol No mais recente livro do escritor francês Michel Houellebecq, "Aniquilação", às tantas lê-se o seguinte: "Na cafetaria do aeroporto foi abordado por um esloveno, jovial e gorducho, um delegado da União Europeia. O homem não tinha nada de significativo a dizer, como todos os delegados da União Europeia".
João GonçalvesMacbeth Rebelo de Sousa António Costa já formou três governos. O primeiro, de cernelha, numas salas esconsas do Parlamento onde assinou umas quantas papeletas bilaterais com a Esquerda. O segundo, minoritário, também, mas resultante directamente do voto popular. E, finalmente, este, de maioria absoluta, com um horizonte de quatro anos e meio. Ou seja, para lá do mandato presidencial de Marcelo que termina em Março de 2026. Isto se tudo correr bem para eles todos, algo que me é totalmente indiferente, salvo nas condicionantes externas de mau augúrio. Não votei em nenhum deles desta vez. Quanto ao ponto, o destino circunstancial da pátria, esse já me interessa sobretudo mais a título trágico-cómico do que por causa do "futuro" da mesma, algo para que me estou nas tintas. Ora Costa, que tinha aqui um belo momento na sua carreira artística, iniciada aos treze ou catorze anos no PS, perdeu-a. E perdeu-a ao formar um dos governos politicamente mais medíocres de que existe memória. Como a presença individual dos seus membros na Assembleia da República, para discutir o Orçamento do Estado para meio 2022, tem amplamente comprovado. Manteve gente que devia ter sido corrida sem dó nem piedade, uns no mesmo sítio, outros apenas mudando de casa. Ou acrescentando "novidades" que nada acrescentam ao país. O que significa que, mais uma vez, o Governo é só ele, Costa, para o melhor e para o pior. Marcelo, que percebe sempre tudo daqui a Marte, intuiu isto e mais. Percebeu que os bons tempos acabaram. Os dele, evidentemente, fora as cortesias a que o protocolo das visitas de Estado obriga. É rei sem coroa, e está permanentemente a ver passar os diversos espectros de Costa nos espelhos da Ajuda e de Belém. Vai daí, ao receber os partidos a pretexto do Orçamento, "queixou-se" da sua nova vida. Queria "aparecer" mais, está "alarmado" com o PM - que ele "fabricou" nesta versão "Costa, O Moderado" durante seis aturados anos -, teme revisões constitucionais, fala em sucessores sem se rir (conseguindo pôr o país a rir com as duas sugestões televisivas em apreço). Por fim, defendeu que devemos "beneficiar" da guerra na Ucrânia porquanto "o inteligente é saber aproveitar essa ocasião" de estarmos longe dela, logo, somos "um beneficiário líquido" (palavra de honra) do que se passa na Ucrânia. Transformou-se num Macbeth sem Lady. Conhecem a tragédia de Shakespeare, com certeza. Num aparte, Macbeth, muito lúcido e muito cedo, previu tudo. "Meu pensamento move de tal sorte que as faculdades se me paralisam. E nada existe mais senão aquilo que não existe". Leia, ou releia, a peça, senhor presidente. Vai ver o bem que lhe faz.
João GonçalvesO Dia da VitóriaPor causa dos fusos horários - só a Federação Russa tem uma dúzia -, a comemoração do chamado "Dia da Vitória" sobre a Alemanha nazi e o Terceiro Reich de Hitler reparte-se entre os dias 8 e 9 de Maio. O de 2022, hoje, assumiu, entretanto, proporções exageradas por causa do conflito ucraniano.
João GonçalvesO senhor inflação O Parlamento, leia-se, os deputados do PS absoluto, aprovaram o Orçamento do Estado para o ano corrente. Tudo o mais votou contra, menos aquelas duas originalidades solitárias do PAN e do Livre. Recordo que o Orçamento, este Orçamento, fora a menina dos olhos do doutor Marcelo.
João GonçalvesIdade maior ou menor? O regime fundado com a revolução imperfeita de 25 de Abril de 1974, como lhe chamou José Medeiros Ferreira, atinge hoje a bonita idade de 48 anos. Se contarmos, como devemos, a Primeira República enquanto puro regime da ditadura do Partido Republicano, depois Democrático, então o país viveu praticamente todo o século XX em ditadura. A do sr. dr. Afonso Costa, primeiro, a "Militar" propriamente dita, entre 1926 e 1933, e a do doutor Salazar, "aligeirada" a partir de 1968 por Marcello Caetano, até 1974. O que se seguiu imediatamente a esses idos de Abril também não pode designar-se propriamente por democracia, muito menos "plena". Exílios, detenções sem culpa formada, perseguições interpartidárias, expulsões de empregos e de universidades, conflitos entre facções militares que se imaginavam "vanguardas do povo", contestação às primeiras eleições livres, etc. Em suma, aquilo que ficou conhecido por "PREC", "processo revolucionário em curso", constituiu evidência de que, pelo menos durante quase dois anos, Portugal não conseguiu crescer para a democracia. Só após o 25 de Novembro de 1975, que deu início a um ciclo de normalização militar, institucional e política - que culminou no ano seguinte com a primeira eleição legislativa, com a do presidente da República e com a posse do I Governo Constitucional, em Julho de 1976 - se poderá verdadeiramente "comemorar" os anos que se leva disto. Menos de 48, sem dúvida. E se a revolução era imperfeita, este regime não se tornou entretanto menos. Bem pelo contrário. Em Abril de 1973, no Congresso de Aveiro, a Maria Emília Brederode dos Santos leu aos congressistas a "tese" que o marido, o Medeiros, escrevera no exílio de Genebra. Nela se apresentavam os três "dês" que o programa do MFA capturou um ano depois: descolonizar, democratizar, desenvolver. E a previsão que seria a tropa a derrubar o regime, uma coisa em que poucos na oposição acreditavam. Como escreveu nas suas memórias, quando Medeiros Ferreira regressou a Portugal já eram todos mais entusiastas do MFA do que ele. A democracia é um sistema recente na longa história da humanidade e foi concebida para adultos. Ora, em Portugal, não houve a sorte de ter tido muitos "adultos" na sala. No plano militar, Eanes e dois ou três conselheiros da revolução. Soares, a primeira AD de Sá Carneiro, Mota Pinto, Cavaco Silva, Sampaio em Belém, Passos Coelho e pouco mais, ou nada. O jornalista Joaquim Vieira reescreveu agora a sua biografia de Mário Soares de 2013. Tenho andado a ler o último volume, o quarto. Por que falo nisto? Porque o que vou lendo parece-me um bom resumo do estado a que chegámos em 2022. E no que nos tornámos, ou se tornaram muitos com outras obrigações políticas e morais perante o país, nestas quatro décadas. Sim, o PS aldrabou-nos.
João GonçalvesEm frente, marchePortugal tem agora uma mulher à frente do Ministério da Defesa Nacional. O comandante supremo das Forças Armadas, por inerência, é o presidente da República, misteriosamente ainda um homem, e os chefes militares também.
João GonçalvesViagens na minha terra Como a guerra na Ucrânia e as suas consequências não chegam para as pantalhas, o "meio" inventou um evento putativo para se entreter. Com o país pastoreado por uma maioria absoluta governativa, com uma oposição nula e à procura de si própria e com um presidente da República politicamente "desempregado", era preciso inventar um "assunto".
João GonçalvesA Direita incerta As eleições de 30 de Janeiro foram penosas para a Direita. Como se isso não bastasse, o PSD, que ainda é o do dr. Rio, aliou-se ao PS absolutista no Parlamento para boicotar a evidência do voto popular.
João GonçalvesSem estados de graça Dois meses após as eleições legislativas, o Governo da maioria absoluta do PS vai finalmente tomar posse. Passaram dezassete anos sobre a outra maioria, a de Sócrates, que, apesar de tudo, produziu um executivo mais equilibrado do que este.
João GonçalvesO ressentimento de um orientalHá praticamente um mês que a Federação Russa invadiu parte significativa do território da Ucrânia. Chama-lhe "operação militar" e proibiu a utilização do termo "guerra" em casa.
João GonçalvesUnião e solidão Este fim-de-semana, os nossos emigrantes na Europa repetiram alegadamente o acto eleitoral de 30 de Janeiro. Digo "alegadamente" porque, talvez defeito meu, não dei por grande coisa sobre isto na comunicação social. O que se compreende. Temos estado demasiado ocupados com o nacionalismo alheio para acompanharmos os nossos lá fora. E estes também devem ter mais que fazer do que pensar no futuro imediato da pátria, devidamente acautelado pela inexpugnável maioria absoluta do PS e pelo presidente "de todos os portugueses".
João GonçalvesA História e os seus lados É praticamente impossível analisar com serenidade o que se está a passar no Mundo. Convém recordar que a pandemia ainda não terminou.
João GonçalvesNo Don intranquiloNo momento em que escrevo, é ainda incerto o desfecho da aventura da Federação Russa na Ucrânia. E para palpiteiros e lamechices sem sentido, temos estado razoavelmente servidos desde que isto começou, muito obrigado.
João GonçalvesAnatomia de uma catástrofe ambulante RuiRio manifestamente não percebeu os resultados das eleições de 30 de Janeiro. É verdade que, por culpa sobretudo dos dois maiores partidos e dessa obsolescência chamada "Comissão Nacional de Eleições, o apuramento geral terá de esperar pela repetição da votação no círculo da Europa. É verdade que o PSD apresentou uma queixa-crime sobre isto, eventualmente contra alguns dos seus. E é verdade que esta vergonha não incomodou minimamente as "instituições". Ao ponto de o presidente da República até já ter sugerido indirectamente uma nova data para a posse do Governo.
João GonçalvesCDS, uma história que começa em 2013 A desgraça do CDS merece ser analisada. Sim, a desgraça não ocorreu por causa dos dois curtos anos de liderança de Francisco Rodrigues dos Santos. Pelo contrário, o ainda presidente do partido fez uma campanha notável. Esteve bem nos debates televisivos. O país conheceu-o, finalmente, depois de um boicote abjecto, metódico, movido pela comunicação social, sobretudo audiovisual, em aliança estreita com os "donos" do partido.
João GonçalvesAbraço e figura de urso O que é que, afinal, aconteceu? Tudo começou com Marcelo e "acabou", ironicamente, com Marcelo. Durante semanas, a pretexto do Orçamento para este ano, o presidente encurralou os aliados parlamentares do PS.
João GonçalvesNão é impossível No momento em que escrevo, há eleitores a votar para o sufrágio do próximo domingo em regime de "antecipação por mobilidade". Parece que as inscrições ficaram aquém do esperado. Mas, em modo pandémico, quem dá o que tem a mais não é obrigado.
João GonçalvesA relíquia Durante dois anos, a comunicação social, sobretudo a audiovisual, deu os máximos para ocultar o líder do CDS. Em escassos dias, porém, o país pôde conhecer a única "novidade" deste acto eleitoral, precisamente Francisco Rodrigues dos Santos.
João GonçalvesA saudosa Cornélia Não sei se já fizeram as contas. Esta, a eleição de 30 de Janeiro, é a décima sétima do ciclo do "25 de Abril". Refiro-me exclusivamente a legislativas, e, nestas, conto a de 1975 para a Assembleia Constituinte que não abriu qualquer legislatura. Para todas, de uma maneira ou de outra, houve debates na televisão. Até porque só existia uma televisão, a RTP.
João GonçalvesEsperar sentado Foi a primeira alocução de Ano Novo do segundo mandato de Marcelo. Veio lá de dentro, do Palácio de Belém, puxou de uma cadeira, sentou-se e falou. Não demorou muito, o que deve elogiar-se. Parecia estar a falar connosco - e estava, de facto - enquanto bebíamos, juntos, uma ginjinha do Barreiro. Espremido, o que disse o presidente?