Família de Silva Rocha quer que voltem ao jazigo, "esvaziado" sem autorização pela junta da Glória e Vera Cruz.
A família de Silva Rocha, arquiteto responsável por muitos edifícios estilo Arte Nova na cidade de Aveiro, quer que os seus restos mortais e de demais familiares voltem a ser colocados no jazigo onde estavam, no cemitério central de Aveiro. Foram retirados pela junta de freguesia da Glória e Vera Cruz, devido à alegada degradação do túmulo.
A família acusa o presidente da junta, Fernando Marques, e um funcionário municipal, de terem "esvaziado o jazigo, sem procurar os familiares" e de terem posto os restos mortais num local similar a uma "vala comum", descreveu, ontem, a bisneta, Maria João Fernandes, à saída do juízo de instrução criminal de Aveiro, onde deveria ter começado o debate instrutório. O ato foi adiado porque foram acrescentados documentos ao processo.
De acordo com o advogado da família, Alberto Mateus Vaz, em causa poderão estar os crimes de profanação de cadáver ou lugar fúnebre, falsificação de documentos e abuso de poder ou prevaricação. Em paralelo decorre um outro processo no tribunal Administrativo e Fiscal de Aveiro, já que o "esvaziamento" do jazigo teve por base um procedimento administrativo com "irregularidades", que fez reverter o jazigo para a junta.
"O fim último é a recuperação dos restos mortais dos familiares, que sejam identificados e repostos no jazigo, tal como se encontravam", explicou Mateus Vaz.
Francisco Granjeia, advogado de defesa da junta, adiantou ao JN que a situação foi despoletada devido a "pareceres técnicos que davam conta do mau estado de conservação" do jazigo, mas a família nega a "degradação". O processo administrativo, que terminou em 2013, foi "regular", referiu Francisco Granjeia, explicando que, dado o elevado número de proprietários do túmulo, o normal era a colocação de editais.
Apesar dos avisos, "nunca a família contactou a junta" e, em 2015, procedeu-se à "remoção dos corpos", completou Granjeia. Desde que o problema foi levantado, a junta tem procurado um "entendimento para repor os corpos", mas sem sucesso. Atualmente "o jazigo está livre e os corpos estão no local indicado" aos familiares.