António Costa não quer reerguer muros derrubados no passado, mas também não se sente confiante para dizer que uma nova geringonça vai ser uma solução estável.
O debate entre Jerónimo de Sousa e António Costa, esta terça-feira, na TVI, foi marcado pelo "passa-culpas" sobre o chumbo do Orçamento, com relação para a equação de forças que há-de surgir no dia 30 de janeiro.
Para Jerónimo de Sousa, o PCP continua "a querer soluções para o país" e está "numa posição construtiva". Afinal, a culpa do chumbo do Orçamento do Estado para 2022 foi do Governo, "que não avançou um milímetro que fosse".
Por sua vez, António Costa assegurou ter honrado a palavra e disse não compreender porque é que o PCP chumbou o Orçamento. Por isso, apelou à "estabilidade" - leia-se maioria absoluta - dado que a geringonça não dá garantias: "Neste momento não sinto confiança para dizer que essa é uma solução estável".
O socialista, mais ao ataque, culpou o PCP pelas medidas que ficaram pelo caminho, como o aumento extraordinário das pensões até 1097 euros, a eliminação do pagamento especial por conta das empresas, a isenção de IRS para 170 mil famílias e a garantia infantil para 120 mil crianças pobres. E atirou: "Porque é que chumbaram o Orçamento? Porque é que não deixaram chegar à especialidade?".
Jerónimo explicou que o PCP tinha três questões fundamentais: revogação da legislação laboral do tempo da troika, maior aumento dos salários (mínimo e da função pública) e maior investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Só que o PS "começou a pensar em eleições", esgrimiu.
Porém, António Costa tinha a lição estudada e contrapôs com as respostas que o Governo já deu nessas matérias, como a proposta de lei de revisão do Código do Trabalho ou o aumento líquido de 28 mil profissionais do SNS. No salário mínimo, o Governo "foi até ao limite do possível" e já foi "o maior aumento desde o 25 de abril", disse Costa, lembrando que o aumento recai sobre as empresas.